O Telescópio Espacial James Webb da Nasa avistou uma galáxia jovem, Firefly Sparkle, que remete ao início do universo. O nome foi escolhido devido aos brilhantes aglomerados de estrelas que lembram insetos bioluminescentes. Esta descoberta está proporcionando aos astrônomos uma visão sobre como a nossa Via Láctea pode ter sido em sua infância.
Pesquisadores afirmam que a Firefly Sparkle data de um período em que o universo tinha aproximadamente 5% de sua idade atual, cerca de 600 milhões de anos após o Big Bang. Com uma massa equivalente a cerca de 10 milhões de estrelas do tamanho do nosso Sol, a galáxia possui duas vizinhas relativamente pequenas, chamadas de Firefly-Best Friend e Firefly-New Best Friend.
A galáxia é composta por dez aglomerados estelares densamente compactados, inseridos em um arco difuso de estrelas. Oito desses aglomerados estão localizados na região central, enquanto dois estão ao longo de seu braço estendido. A porção visível da Firefly Sparkle abrange cerca de mil anos-luz de diâmetro. Para referência, um ano-luz é a distância que a luz viaja em um ano, aproximadamente 5,9 trilhões de milhas (9,5 trilhões de km).
Estima-se que a galáxia tenha se formado entre 100 milhões e 400 milhões de anos antes de seu estágio evolutivo observado pelo Webb, o telescópio espacial mais avançado já lançado.
“A Via Láctea começou a se formar muito cedo na história do universo, provavelmente na mesma época que Firefly Sparkle”, afirma a astrônoma Lamiya Mowla, do Wellesley College, em Massachusetts, e coautora principal do estudo publicado na revista Nature. Mowla acrescenta: “Esta observação nos dá uma visão direta de como galáxias como a nossa Via Láctea podem ter se parecido em sua infância.”
Ela explica que, neste estágio, a Firefly Sparkle era cerca de 10.000 vezes menos massiva do que a atual Via Láctea, um padrão típico de galáxias daquela época.
Mas como surgiu o nome "vaga-lume"? Mowla explica: “Um grupo de vaga-lumes — que é a aparência desta galáxia — é chamado de centelha”.
A Firefly Sparkle está localizada a aproximadamente 6.500 anos-luz de Firefly-Best Friend e a cerca de 42.000 anos-luz de Firefly-New Best Friend. Todos os três poderiam se encaixar na atual Via Láctea, que mede cerca de 100.000 anos-luz de diâmetro.
“Enquanto vemos Firefly Sparkle em seus estágios iniciais de formação, a Via Láctea continuou a crescer e evoluir ao longo de bilhões de anos por meio de fusões com outras galáxias e da formação contínua de estrelas”, afirma Kartheik Iyer, coautor do estudo e bolsista do Hubble da Nasa na Universidade Columbia.
Iyer também explica que galáxias antigas como Firefly Sparkle parecem ter se formado através do colapso de densas nuvens de gás no universo primitivo. “Nossa análise sugere que essas galáxias podem se acumular através da formação de aglomerados estelares massivos em regiões de extrema pressão e densidade, que então se fundem ou crescem juntos ao longo do tempo”, acrescenta.
Os aglomerados de estrelas da Firefly Sparkle exibem cores ligeiramente diferentes, indicando que não se formaram todos ao mesmo tempo. Estrelas mais quentes e jovens aparecem mais azuis, enquanto estrelas mais velhas tendem a ser mais vermelhas.
O Webb conseguiu observar grandes distâncias e, portanto, voltar no tempo para ver galáxias que datam das primeiras centenas de milhões de anos após o Big Bang, há aproximadamente 13,8 bilhões de anos. Essa era é conhecida como alvorada cósmica.
Atualmente, a Firefly Sparkle é uma das primeiras galáxias de baixa massa conhecidas, observada com a ajuda de um fenômeno chamado lente gravitacional. Este fenômeno ocorre quando um objeto massivo, como um aglomerado de galáxias, curva a luz de objetos mais distantes, agindo como uma lupa natural. “Neste estudo, o aglomerado de galáxias em primeiro plano ampliou a luz do Firefly Sparkle em cerca de 16 a 26 vezes, tornando possível ver detalhes que, de outra forma, seriam muito tênues para serem observados”, conclui Iyer.