Relatório da Oxfam Revela Novo Pico na Concentração de Renda em 2024
Um recente relatório da organização não governamental (ONG) internacional Oxfam destaca que a concentração de renda atingiu um novo pico em 2024, similar ao que foi observado durante a pandemia de covid-19. O estudo revela que surgiram 204 novos bilionários no mundo, e o ritmo de enriquecimento dos super-ricos aumentou três vezes em relação a 2023.
Encontro do Fórum Econômico de Davos
O relatório é divulgado antes do encontro anual do Fórum Econômico de Davos, que reúne diretores das principais instituições empresariais e líderes de governos. Atualmente, os bilionários, que somam pouco mais de 2.900 pessoas, enriqueceram, em média, US$ 2 milhões por dia. Os dez mais ricos, por sua vez, enriqueceram em média US$ 100 milhões diariamente.
"Alguém que receba um salário mínimo no Brasil demoraria 109 anos para receber R$ 2 milhões e, pela cotação atual, 650 anos para receber US$ 2 milhões", alerta o relatório.
Desigualdade Global e Pobreza
A Oxfam observa que, enquanto os super-ricos acumulam riquezas, o número de pessoas vivendo na pobreza permanece alarmantemente alto. Os 44% mais pobres do mundo vivem com menos de US$ 6,85 por dia. Comparativamente, o Produto Interno Bruto (PIB) global cresceu cerca de 3,2%, atendendo a uma população global de 8 bilhões de pessoas.
“No ano passado, a Oxfam previu um trilionário em uma década. Se as tendências atuais continuarem, haverá agora cinco trilionários em uma década”, destaca o relatório.
A Realidade Brasileira
No Brasil, a desigualdade é igualmente preocupante. Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil, enfatiza que a realidade brasileira é complexa.
"Temos milhões de pessoas em situação de fome e insegurança alimentar, enquanto, no mesmo momento, há pessoas acumulando milhões de reais", explica Viviana.
Ela destaca que o sistema fiscal atual favorece a evasão fiscal, enquanto a população pobre tem 70% de sua renda comprometida com o consumo, que é fortemente tributado.
Vantagens e Desigualdade
O estudo também identifica que a concentração de riqueza está ligada a vantagens institucionais, como correlações oligárquicas e subornos. O colonialismo e a centralidade das instituições financeiras do Norte Global também contribuem para essa dinâmica.
“Quando a gente vê elites que seguem na lógica de um país voltado para a produção, mas não atento à necessidade da distribuição social da riqueza, a mesma lógica colonial de apropriação persiste”, pondera Viviana.
Propostas da Oxfam
A Oxfam apresenta várias propostas para mitigar a desigualdade:
- Reduzir Radicalmente a Desigualdade: Estabelecer metas globais e nacionais para reduzir a desigualdade extrema.
- Reparar as Feridas do Colonialismo: Reconhecer crimes cometidos durante o colonialismo e garantir reparações.
- Tributar os Mais Ricos: Implementar uma nova política tributária que favoreça a tributação dos mais ricos.
- Promover a Cooperação Sul-Sul: Formar alianças regionais que priorizem trocas equitativas e desenvolvimento sustentável.
- Acabar com o Colonialismo Formal: Apoiar os territórios não autônomos para garantir seus direitos à autodeterminação.
O relatório conclui que, embora a situação global apresente desafios, é possível mudar essa realidade, fazendo justiça social e econômica.