Observadores do céu, astrofotógrafos e entusiastas da astronomia estão aproveitando intensamente o início de 2024, marcado por alinhamentos planetários nos meses de janeiro e fevereiro. Esse fenômeno ocorre quando vários planetas se posicionam do mesmo lado do Sol, criando a impressão de estarem alinhados no céu. Contudo, devido à inclinação de suas órbitas, os planetas nunca formam uma linha reta perfeita.
No dia 21 de janeiro, um “desfile” de seis planetas – Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno – pôde ser observado, proporcionando um espetáculo visual para os amantes da astronomia. Para aqueles que perderam essa oportunidade, não há motivo para preocupação; a chance de avistar os planetas alinhados permanece por um período, com um evento especial programado para 28 de fevereiro, quando Mercúrio se juntará aos outros planetas, resultando em um raro alinhamento de sete planetas visíveis.
A astrônoma Jenifer Millard, do Fifth Star Labs, no Reino Unido, destaca a importância de observar os planetas diretamente: “Quando você olha para esses objetos, eles são fótons que viajaram milhões ou bilhões de quilômetros pelo espaço para atingir suas retinas”, afirmou em entrevista à BBC.
Embora os alinhamentos planetários sejam visualmente impressionantes, a questão que surge é: qual é o impacto desses eventos na Terra? Segundo Millard, não há efeitos significativos, pois a posição dos planetas em suas órbitas é uma coincidência. No entanto, alguns cientistas argumentam que esses alinhamentos têm um valor científico importante. Eles permitem o estudo mais preciso das órbitas e movimentos planetários, além de auxiliar na calibração de instrumentos astronômicos, como telescópios.
Ademais, os alinhamentos planetários podem ser aproveitados por naves espaciais por meio da assistência gravitacional, uma técnica que utiliza a gravidade de um planeta para ganhar velocidade ou mudar de direção, economizando combustível. Embora os efeitos gravitacionais sejam reais, eles são sutis na maioria das vezes, uma vez que as órbitas dos planetas são principalmente influenciadas pela gravidade solar.
Um exemplo notável é a “Grande Conjunção” entre Júpiter e Saturno, que ocorre a cada 20 anos e pode causar pequenas perturbações nas órbitas de asteroides e cometas. No entanto, na Terra, essa influência é simbólica, sem impacto físico mensurável.
Em 1966, um cientista da NASA, Gary Flandro, propôs aproveitar um raro alinhamento planetário dos quatro planetas mais distantes – Júpiter, Saturno, Urano e Netuno – para enviar as espaçonaves Voyager 1 e 2 em 1977. Esse alinhamento permitiu que a Voyager 1 visitasse Júpiter em 1979 e Saturno em 1980, enquanto a Voyager 2 tornou-se a única espaçonave a visitar Urano e Netuno, em 1986 e 1989, respectivamente. Ambas as sondas operam até hoje, a mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra.
Além disso, alinhamentos planetários não são exclusivos do nosso Sistema Solar. Astrônomos utilizam esse fenômeno para descobrir e estudar exoplanetas, mundos que orbitam estrelas além do Sol. O método mais comum é o método de trânsito, que ocorre quando um exoplaneta alinha-se com a linha de visão da Terra, bloqueando temporariamente a luz da sua estrela, permitindo que os cientistas inferem seu tamanho e órbita.