Museu Nacional de Belas Artes: Reforma Avançada e Expectativas para Reabertura
Fechado para visitação desde 2020, o Museu Nacional de Belas Artes está com mais de 90% de sua reforma concluída, segundo estimativas dos arquitetos envolvidos no projeto.
A diretora do Museu Nacional de Belas Artes, Daniela Matera, destacou que esta é a maior obra já realizada no edifício, que possui 20.958 metros quadrados e abriga um dos maiores acervos do país, com aproximadamente 70 mil itens, incluindo obras emblemáticas para a história brasileira, como a tela "Primeira Missa no Brasil" e "Batalha dos Guararapes", ambas do pintor Victor Meirelles.
Localizado na Praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, o Museu Nacional de Belas Artes celebrou, nesta segunda-feira (13), o aniversário de 88 anos da assinatura do Decreto-Lei 378/1937, que criou a instituição. Para marcar a data, foi realizada uma palestra com os arquitetos envolvidos na reforma. Apesar do estágio avançado da obra, a expectativa é que a reabertura completa ocorra apenas em 2026. Contudo, Daniela Matera afirmou que pretende realizar diversos eventos nos espaços que já estiverem liberados ao longo deste ano.
A previsão é de que a lojinha, o café e o teatro sejam abertos ao público em breve, permitindo também o funcionamento normal do centro de pesquisa e do centro de documentação. A escolha de uma nova identidade visual está em andamento. Daniela ressaltou que as atividades ao público nunca deixaram de ocorrer: "Fechados estamos, mas abertos também. Nesses últimos anos, transbordamos, realizando eventos e atividades que extrapolam as nossas barreiras físicas, em um movimento contínuo e constante, como um rio."
Obras de Restauração e Conservação
Iniciada há quase cinco anos, a reforma envolveu praticamente todo o edifício. A fachada passou por restauração, incluindo relevos em terracota, baixos-relevos, nichos e medalhões com retratos da Missão Artística Francesa, que desembarcou no Brasil em 1816. Todas as esquadrias e vidros foram recuperados, e um projeto de proteção contra incêndio foi desenvolvido para a parte interna.
Embora o Museu Nacional de Belas Artes tenha sido legalmente criado em 1937 e inaugurado em 1938, o edifício é mais antigo, tendo sido construído entre 1906 e 1908 durante as modernizações urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos. O projeto original do arquiteto Adolfo Morales de Los Rios incluiu elementos decorativos importados, como portões de ferro da Alemanha.
À frente da reforma, o arquiteto João Legal Leal expressou satisfação com os resultados, mas alertou para a necessidade de manter rotinas de conservação para evitar danos futuros: "A obra de restauração não se resume a uma etapa, que é concluída e acaba. Ela é permanente."
Desafios e Mudanças na Reforma da Cúpula
Um dos grandes desafios da reforma foi a cúpula central. Inicialmente, havia um projeto para demolir a estrutura e reconstruí-la, mas em 2021, arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) defenderam a manutenção e recuperação da cúpula, buscando resolver a deterioração relacionada à infiltração de água da chuva. A cúpula nunca havia recebido um trabalho de conservação em mais de 100 anos.
Após análises, a proposta de recuperação foi aprovada, com o apoio do Iphan, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD). Agora, uma das principais pendências antes da reabertura completa é a reforma do sistema elétrico, que contará com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A petrolífera Shell, patrocinadora master do museu, financiará a climatização e as atividades educativas, enquanto a Associação de Amigos e Colaboradores do Museu Nacional de Belas Artes (ABA) apoiará a atualização do acervo de arte contemporânea e o desenvolvimento do projeto executivo para o cine-teatro.