O jejum intermitente tem ganhado destaque nas redes sociais como uma abordagem "simples" para emagrecimento, mas a falta de evidências científicas robustas sobre sua segurança e eficácia levanta preocupações. Um estudo recente da Universidade de São Paulo revelou potenciais riscos associados a essa prática.
A pesquisa, conduzida com 458 estudantes da USP, analisou aqueles que relataram ter realizado jejuns nos três meses anteriores à entrevista. Os resultados indicaram um aumento significativo na compulsão alimentar e no desejo por comida. “Aqueles com episódios severos de compulsão tiveram uma taxa 140% maior de horas de jejum em comparação aos não compulsivos”, explica Jônatas de Oliveira, autor do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.
Os dados coletados mostraram que:
- A taxa de horas de jejum entre comedores compulsivos é 115% maior em comparação aos não compulsivos.
- Indivíduos com compulsão alimentar moderada apresentam uma taxa de jejum 29% maior, enquanto aqueles com compulsão severa chegam a uma taxa 140% superior.
- Para cada aumento na escala de desejo por comida, a taxa de horas de jejum cresceu 2%.
É importante destacar que o estudo não diagnosticou transtornos alimentares, uma vez que esse tipo de avaliação requer uma entrevista clínica. Contudo, a pesquisa permitiu compreender o nível de compulsividade entre os participantes. “Dentro do espectro da compulsividade, existe a compulsão com baixo peso, a compulsão junto com a purgação e a compulsão isolada. É como se fossem categorias de um possível diagnóstico de transtorno alimentar,” diferencia Oliveira.
A crescente popularidade do jejum intermitente, especialmente em plataformas digitais, tem gerado preocupações com relação aos desafios alimentares propostos por influenciadores, que podem comprometer a saúde dos seguidores.