Janeiro recorde de calor: impacto das altas temperaturas na saúde.


O mês passado registrou o janeiro mais quente da história global, dando continuidade a uma sequência de temperaturas extremas, mesmo diante de um padrão climático de resfriamento conhecido como La Niña. A confirmação veio de cientistas da União Europeia, que anunciaram os dados em um boletim mensal do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) na quinta-feira (6).

Este janeiro se destacou em um contexto onde 18 dos últimos 19 meses apresentaram uma temperatura média global acima de 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Mas como essas altas temperaturas impactam a saúde humana?

Para entender melhor essa questão, a CNN entrevistou a especialista em saúde ambiental, Helena Ribeiro, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Ribeiro esclarece que, embora o aumento médio da temperatura não cause efeitos imediatos na saúde, as consequências das mudanças climáticas se manifestam de forma mais aguda através de fenômenos como ondas de calor intenso, frio extremo, chuvas torrenciais e secas severas.

Cada um desses cenários climáticos possui efeitos distintos sobre a saúde das populações:

  • Ondas de calor: afetam o sistema cardiorrespiratório, especialmente em grupos vulneráveis como idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças pré-existentes.
  • Ondas de frio: aumentam a incidência de doenças respiratórias como gripes, asma, pneumonia e bronquite, representando um risco maior para aqueles com doenças circulatórias.
  • Oscilações térmicas: podem resultar em aumento nos atendimentos médicos, internações e, em casos extremos, mortalidade.

Outro ponto preocupante é que o aumento da temperatura pode expandir a área de habitat para mosquitos transmissores de doenças como a dengue, acelerando a reprodução desses vetores em regiões mais quentes. Assim, é crucial intensificar o combate à dengue, embora o uso de pesticidas traga novos desafios ambientais.

No Brasil, onde o clima tropical predomina, o calor é uma preocupação central, como indicam as projeções do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Apesar disso, a professora Ribeiro destaca que as chuvas de verão podem ajudar a reduzir a temperatura do ar, contribuindo para o conforto térmico através da nebulosidade e precipitação.

Para amenizar os impactos das altas temperaturas, a especialista sugere ações que podem ser implementadas tanto a curto quanto a longo prazo. A curto prazo, medidas como instalação de tendas e espaços de resfriamento, distribuição de água à população, preparação de pontos de atendimento e campanhas educativas são essenciais. A longo prazo, é fundamental buscar a redução das emissões de gases de efeito estufa, promover a transição para energias limpas, incentivar o reflorestamento e investir em tecnologias de captura de carbono.

É vital que políticas públicas sejam criadas para adaptar as cidades e suas populações aos eventos climáticos extremos, garantindo assim uma maior proteção à sociedade. O desafio é significativo, mas as ações necessárias para o futuro do planeta e da humanidade são urgentes.

Com informações de Lucas Guimarães, em colaboração para CNN.



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