Chatbots personalizados estão começando a "namorar" em nome dos usuários, enquanto concierges de Inteligência Artificial (IA) respondem perguntas sobre potenciais candidatos a encontros. A indústria de aplicativos de namoro está prestes a passar por uma grande transformação, aproveitando algoritmos avançados que prometem prever compatibilidade de forma eficaz.
Recentemente, durante o dia do investidor, executivos do Match Group — que controla plataformas como Match.com, Tinder, Hinge, OkCupid e Our Time — revelaram planos para integrar IA e melhorar a experiência dos usuários. Justin McLeod, CEO da Hinge, mencionou que a empresa planeja adotar completamente a IA no próximo ano, proporcionando “matches” mais personalizados e algoritmos que se adaptam melhor aos usuários ao longo do tempo. Ele destacou que, embora a IA não resolva todos os problemas do amor, ela pode transformar a experiência dos aplicativos de namoro, tornando-a mais guiada e valiosa.
Atualmente, a IA já desempenha um papel significativo em várias plataformas. O Tinder, por exemplo, utiliza tecnologia de IA para ajudar usuários a selecionar suas melhores fotos de perfil. O Bumble, por sua vez, aprimorou seu resumo “For You”, oferecendo um conjunto diário de perfis selecionados com base nas preferências e “matches” anteriores dos usuários. Além disso, a plataforma implementa recursos de segurança, como o Private Detector, que desfoca imagens explícitas, e o Deception Detector, que identifica perfis falsos e comportamentos inapropriados.
Lidiane Jones, CEO da Bumble, enfatizou que existe uma grande oportunidade para inovação no mercado de aplicativos de namoro. Ela expressou seu compromisso em colocar as mulheres em primeiro lugar enquanto busca novas maneiras de facilitar a construção de relacionamentos.
De acordo com Liesel Sharabi, professora associada na Universidade Estadual do Arizona, o setor de namoro está apenas começando a explorar a adoção da IA. “As plataformas ainda estão descobrindo seu papel na experiência de namoro online, mas têm o potencial de transformar esse espaço,” afirmou Sharabi, ressaltando que o momento é propício para inovações.
A ideia de integrar mais IA nos aplicativos é promissora. Whitney Wolfe Herd, fundadora do Bumble, vislumbra a IA atuando como um "concierge de namoro", auxiliando usuários a navegar por “matches”, agendar encontros e responder mensagens. Startups como Volar e Rizz já estão testando chatbots que ajudam a interagir em conversas de namoro, com o Rizz permitindo que usuários carreguem capturas de tela de conversas para gerar respostas de flerte.
Embora a noção de chatbots que "namoram em nome" dos usuários possa parecer inusitada, Sharabi acredita que isso pode agilizar a comunicação inicial, focando em perfis mais compatíveis. Ela também aponta que os aplicativos de namoro terão que abordar as preocupações dos usuários sobre a autenticidade das interações, especialmente com o uso crescente de ferramentas como o ChatGPT para criar perfis ou responder mensagens.
“O conceito de um coach de namoro com IA faz muito sentido,” disse Sharabi, destacando a importância dos laços sociais na busca por relacionamentos. Ela acredita que essa abordagem traria um elemento de companhia à experiência de namoro digital, semelhante ao que se faz ao buscar conselhos de amigos e colegas na vida real.