Reabertura da Fundação Casa de Jorge Amado: Um Novo Capítulo para a Cultura da Bahia
No coração do Pelourinho, um imponente casarão colonial azulado abriga, há 37 anos, um valioso tesouro da cultura brasileira: o acervo dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. A Fundação Casa de Jorge Amado foi criada para preservar e estudar os acervos bibliográficos e artísticos do autor, que sempre desejou que o espaço fosse mais do que um museu. "O que desejo é que nesta casa o sentido da vida da Bahia esteja presente e que isso seja o sentimento de sua existência", dizia Jorge Amado.
Após nove meses de reforma, a Fundação Casa de Jorge Amado reabriu suas portas nesta quarta-feira (11) para convidados e imprensa. A partir desta quinta-feira (12), o público poderá visitar a instituição gratuitamente até sábado (14). Durante esses dias, o Festival Uma Casa de Palavras acontecerá em frente à Fundação, promovendo uma feira gastronômica e apresentações musicais, unindo a obra de Jorge Amado a três importantes marcos da cultura de Salvador: gastronomia, literatura e música.
A Reforma
A Fundação passou pela sua maior restauração desde a inauguração em 7 de março de 1987. A sede, composta pelas casas de números 49 e 51 – conhecidas como Casas Azul e Amarela – foi conectada a um novo prédio, o de número 47, chamado Casa Branca. A reforma trouxe novos espaços expositivos, modernizou as instalações e implementou um novo sistema de segurança e anti-incêndio.
"É a maior reforma que começou em março deste ano," afirmou Angela Fraga, diretora executiva da Fundação. O investimento foi de aproximadamente R$ 2 milhões, resultado de um esforço coletivo da equipe de 13 funcionários. Angela destacou a dificuldade de manter instituições culturais no Brasil, mas ressaltou as parcerias e o apoio da Lei Rouanet como fundamentais para a realização do projeto.
Após a reforma, o acervo de Zélia Gattai e Jorge Amado, com cerca de 350 mil documentos, foi transferido para a Casa Branca, que agora abriga a parte administrativa e uma sala para cursos. As outras casas dedicam-se aos espaços expositivos, que foram ampliados e modernizados. O mirante, com vista para o Pelourinho, agora sediará exposições temporárias. Um espaço exclusivo para Zélia Gattai e uma homenagem à poeta Myriam Fraga, primeira diretora da Fundação, também foram criados.
Casa de Cultura
Na tarde da reinauguração, Paloma Jorge Amado, filha dos escritores, estava presente junto ao irmão, João Jorge Amado. "Essa é uma casa para movimentar todos os aspectos culturais da cidade e do estado", disse João. "Aqui não é só Jorge Amado e Zélia Gattai. Aqui são todos os escritores baianos e todos os jovens escritores que absorvem a rica cultura da nossa terra."
Para celebrar a reinauguração, apresentações musicais ocorrerão em frente à Fundação até o próximo sábado. Na quarta-feira, as Ganhadeiras de Itapuã se apresentaram. Claudia Cunha se apresenta na quinta-feira (12), Gerônimo na sexta-feira e, no sábado (14), o evento contará com uma programação especial para o público infantil, a partir das 16h.
A partir da próxima segunda-feira (16), a Fundação voltará a cobrar ingressos, mas a entrada será gratuita sempre às quartas-feiras.
A repórter viajou a convite da Fundação Casa de Jorge Amado.