O faturamento do setor mineral brasileiro em 2024 foi de R$ 270,8 bilhões, representando uma alta de 9,1% na comparação com 2023. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as maiores mineradoras do país.
Crescimento impulsionado
De acordo com o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, o crescimento foi impulsionado pela valorização do dólar e pelo faturamento com o minério de ferro, que registrou alta de 8,6% em comparação com 2023. Jungmann destacou:
"Nós tivemos um aumento em termos de produção do minério de ferro e, por conta disso, tivemos também um aumento em termos de faturamento".
O minério de ferro é a principal commodity do setor, representando 59,4% de todo o faturamento e 68,7% de todas as exportações. O Ibram também registrou avanços no faturamento do cobre (25,2%) e do ouro (13,3%), com esses aumentos sendo impulsionados pelo crescimento dos preços no mercado internacional.
Desempenho por estado
Os dois principais estados mineradores do Brasil, Minas Gerais e Pará, responderam por 76% do faturamento do setor, com Minas Gerais contribuindo com R$ 108,3 bilhões e o Pará com R$ 97,6 bilhões. Os estados de São Paulo (R$ 10,3 bilhões), Bahia (R$ 10,1 bilhões) e Goiás (R$ 9,6 bilhões) completam a lista dos cinco com melhor desempenho.
Jungmann comentou sobre a surpresa do faturamento paulista, que foi impulsionado pela demanda crescente de agregados da construção civil.
Arrecadação e investimentos
O Ibram também informou um aumento de 8,6% na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), passando de R$ 6,9 bilhões em 2023 para R$ 7,4 bilhões em 2024. A estimativa de investimentos para o próximo quadriênio subiu 6%, passando de R$ 64,5 bilhões para R$ 68,4 bilhões.
"Cresceu as estimativas de investimentos em termos de logística, cresceu em termos de projetos relacionados ao ferro e cresceu também em termos socioambientais", disse Jungmann.
Balança comercial
A balança comercial do setor mineral fechou com superávit de R$ 34,95 bilhões, representando 47% da balança comercial do país. As exportações aumentaram 0,9%, passando de R$ 43,04 bilhões em 2023 para R$ 43,43 bilhões em 2024, enquanto as importações recuaram 23,1%, totalizando R$ 8,48 bilhões.
Impactos do cenário internacional
Jungmann acredita que a alta do dólar e a escalada da guerra entre Ucrânia e Rússia em 2022 influenciaram os números das importações. Ele explicou que, devido ao conflito, houve antecipação de compras que não se repetiram em 2024:
"As empresas fizeram estoques, particularmente no que diz respeito ao potássio, fosfato, carvão, por exemplo."
Sobre a posse do presidente Donald Trump, ele acredita que terá pouco impacto no setor brasileiro, já que 80% das exportações são dirigidas para a Ásia, especialmente para a China.
Minerais críticos
Jungmann avaliou que os negócios envolvendo minerais críticos não devem ser afetados. Esses minerais são essenciais para a transição energética e a fabricação de equipamentos de energia verde. Ele afirmou:
"Hoje não há nenhuma possibilidade de superarmos a emergência energética e passar para uma sociedade neutra sem os minerais."
Críticas ao Imposto Seletivo
Durante a apresentação do balanço de 2024, o Ibram criticou o Imposto Seletivo que incide sobre bens minerais. Jungmann manifestou-se contra a tributação sobre exportação, considerando-a inconstitucional:
"O imposto sobre exportação é um erro em termos empresariais, é um erro em termos políticos, é um erro em termos de Brasil e é um erro em termos constitucionais."
O Ibram espera que o Congresso derrube o veto do presidente Lula, que vetou um dispositivo afastando o Imposto Seletivo de commodities destinadas à exportação. Jungmann finalizou destacando a intenção de lutar contra essa tributação, incluindo a possibilidade de judicializar a questão.