Cientistas usam fungo para criar madeira que brilha no escuro; confira!


Cientistas estão investigando um fenômeno químico extraordinário que permite à madeira brilhar no escuro, inspirado por um processo encontrado em fungos. Essa reação, chamada de bioluminescência, foi objeto de estudo por pesquisadores do ETH Zurich e do Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (Empa), focando em um tipo de cogumelo amplamente encontrado na natureza.

A madeira desempenha um papel crucial na manutenção dos ecossistemas da Terra, mas seu uso em diversas indústrias também tem contribuído para as mudanças climáticas. Diante desse cenário, cientistas e empresas têm buscado alternativas para reduzir o impacto ambiental da madeira. Surge assim a proposta de uma madeira que emita luz de forma natural.

Em um estudo publicado na revista científica Advanced Science, os pesquisadores conduziram experimentos com o cogumelo-do-mel (Desarmillaria tabescens), conhecido por apodrecer árvores e considerado uma praga. “A madeira naturalmente luminosa foi descrita pela primeira vez há cerca de 2.400 anos pelo filósofo grego Aristóteles. Materiais compostos produzidos artificialmente desse tipo seriam interessantes para muitos tipos de aplicação”, afirma o pesquisador Francis Schwarze, associado ao laboratório de Celulose e Materiais de Madeira da Empa.

O processo de bioluminescência ocorre porque o fungo produz uma enzima que catalisa reações químicas, resultando na emissão de uma luz esverdeada. Além de suas aplicações em outras áreas científicas, essa inovação promete ser útil na fabricação de móveis e no design de joias.

Como funciona a bioluminescência? Esse fenômeno, que permite a produção de luz sem calor, é comum em organismos marinhos e em alguns insetos, mas é menos frequente entre os fungos. Os cientistas explicam que a bioluminescência nos cogumelos está ligada à enzima luciferase, que interage com a luciferina, gerando luz.

Nos experimentos, a madeira de balsa foi utilizada. Ao inocular a superfície do material com o cogumelo-do-mel, que contém luciferina, a madeira emite um brilho constante por um período significativo. Embora sutil, esse brilho se torna facilmente perceptível em ambientes escuros. O processo de transformação leva três meses, durante os quais o cogumelo permanece incubado na madeira. Após esse período, a madeira entra em contato com o ar, ativando a reação enzimática.

Após 10 horas de exposição ao ar, a luz esverdeada começa a brilhar. Os pesquisadores conseguiram manter essa luminosidade por cerca de dez dias e estão atualmente trabalhando para otimizar o método e aumentar a intensidade do brilho. Mais de 70 espécies de fungos apresentam o brilho esverdeado conhecido como ‘foxfire’.

Embora a bioluminescência tenha sido reproduzida em laboratório, Schwarze ressalta que pedaços de madeira com esse efeito também podem ser encontrados na natureza, embora não sejam facilmente localizáveis. “O maior organismo vivo do mundo, uma rede de fungos do mel de 2400 anos, cobre uma área de vários quilômetros quadrados no estado americano de Oregon. O maior cogumelo da Europa pode ser encontrado na Suíça, no Ofen Pass, e este fungo do mel de 1000 anos cobre uma área do tamanho de 50 campos de futebol”, afirma o pesquisador em um comunicado sobre o estudo.



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