Abertura da Mostra de Tiradentes põe em pauta regulação de plataformas


Mostra de Cinema de Tiradentes: Raquel Hallak defende regulação das plataformas digitais na abertura do evento

A coordenadora-geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak, dedicou parte de seu discurso na cerimônia de abertura do evento, realizada na noite desta sexta-feira (24), para defender a regulação das plataformas digitais, especialmente as de streaming. Segundo Hallak, a demanda é urgente: "Vamos ampliar nossas vozes para legitimar o lugar central do audiovisual no Brasil, para que o Congresso brasileiro e a sociedade entendam a urgência da pauta regulatória das plataformas de conteúdo digital, das plataformas de streaming. Não dá mais para adiar essa conquista", afirmou, recebendo aplausos do público presente.

Diante da complexidade do modelo de negócios e da disseminação de informações falsas nas redes sociais, a regulação das big techs, como são chamadas as empresas responsáveis pelas plataformas digitais, tem sido uma pauta defendida por diversos profissionais e pesquisadores de comunicação. No audiovisual, esse debate avança à medida que filmes e séries são cada vez mais produzidos para transmissão online. Várias plataformas têm investido em produções nacionais para exibição sob demanda via streaming, tecnologia que permite a transmissão de dados multimídia, como áudio e vídeo. O papel dessas empresas no financiamento da infraestrutura do setor audiovisual no Brasil é uma das principais discussões em pauta.

"Acreditamos que um marco regulatório bem estruturado e adequado vai equilibrar interesses comerciais com responsabilidade e transparência, assegurar práticas justas e saudáveis e criar um ecossistema digital que beneficie todos", acrescentou Raquel Hallak durante seu discurso. Sua fala ocorreu após uma performance artística que abordou a temática da sustentabilidade.

Na abertura do evento, também foi assinado um termo que oficializa a destinação de R$ 6 milhões do Fundo Especial do Ministério Público do Minas Gerais (Funemp) para o Projeto Cinema sem Fronteiras, que inclui os eventos organizados anualmente pela Universo Produção. Além da Mostra de Cinema de Tiradentes, Hallak também coordena as mostras de Ouro Preto (CineOP) e Belo Horizonte (CineBH). Esta é a primeira vez que os eventos contarão com recursos do Funemp.

Hallak destacou o audiovisual como um setor estratégico para o desenvolvimento do país, observando que a economia criativa é a indústria que mais cresce no mundo. "A Mostra de Tiradentes é um ponto de convergência entre sonhos e realidade, entre o imaginário e o visceral, entre a soma de todos os tempos que faz do cinema brasileiro contemporâneo um retrato autêntico do país", afirmou.

Organizada pela Universo Produção desde 1998, a Mostra de Cinema de Tiradentes iniciou sua 28ª edição. Tradicionalmente realizada em janeiro, o evento abre o calendário audiovisual do Brasil e estabelece o tom de muitas discussões que se estenderão por outros festivais ao longo do ano. A programação, que vai até 1º de fevereiro, contará com a exibição de 140 filmes, sendo 43 longas, um média e 96 curtas-metragens, representando 21 estados diferentes.

Homenagem a Bruna Linzmeyer

A cerimônia de abertura também destacou a entrega do troféu Barroco à atriz Bruna Linzmeyer, homenageada desta edição. "Eu peço licença para pensar nesse palco. Eu já vi muita gente incrível subir aqui", disse. A atriz expressou que se sentia como se estivesse em uma festa de aniversário e considerou a homenagem como uma motivação para continuar sua trajetória artística.

Bruna Linzmeyer refletiu sobre seu ofício: "Uma personagem é um trabalho de muita gente, mas acontece aqui em um corpo físico. Um trabalho de muita gente que atravessa o meu corpo". Nascida em Santa Catarina, Bruna se mudou para São Paulo aos 16 anos para estudar teatro. Na televisão, ela acumulou papéis marcantes em novelas como "Gabriela" (2012), "Amor à Vida" (2013) e "Pantanal" (2022). A Mostra de Tiradentes incluirá 10 filmes de sua carreira, entre eles os longas "Baby" (2024), "Medusa" (2021), "O filme da Minha Vida" (2017) e "A Frente Fria que a Chuva Traz" (2016), além dos curtas "Se Eu tô Aqui é por Mistério" (2024) e "Alfazema" (2019).

São Paulo, (SP) 25/01/2025 – Atriz Bruna Linzmeyer na Mostra de Cinema de Tiradentes. Foto: Leo Lara/Universo Produção.



Fonte: EBC

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