Uma nova vacina personalizada contra o câncer renal avançado apresentou resultados promissores em um recente ensaio clínico. Em um artigo publicado na revista científica Nature, pesquisadores relataram que todos os nove participantes do estudo apresentaram uma resposta imune anticâncer bem-sucedida após receberem o tratamento. As vacinas foram administradas após a remoção cirúrgica do tumor, com o objetivo de treinar o sistema imunológico para reconhecer e eliminar células tumorais remanescentes.
"Estamos muito animados com esses resultados, que mostram uma resposta tão positiva em todos os nove pacientes com câncer renal," afirmou Toni Choueiri, diretor do Lank Center for Genitourinary Cancer do Dana-Farber, coautor sênior e copesquisador principal do estudo.
O tratamento padrão para pacientes com carcinoma renal de células claras, especialmente nos estágios III ou IV, geralmente envolve cirurgia, que pode ser seguida por imunoterapia com pembrolizumabe, um inibidor de ponto de verificação imunológico. Embora esse medicamento induza uma resposta imune que diminui o risco de recorrência do câncer, cerca de dois terços dos pacientes ainda podem enfrentar o retorno do tumor, muitas vezes com opções de tratamento limitadas.
"Pacientes com câncer renal em estágio III ou IV correm alto risco de recorrência," acrescentou Choueiri. "As ferramentas que temos para reduzir esse risco não são perfeitas e estamos buscando incansavelmente mais."
O ensaio clínico tratado envolveu nove pacientes que receberam uma vacina personalizada contra o câncer após a cirurgia. Desses, cinco também receberam o medicamento ipilimumab em conjunto com a vacina. As vacinas personalizadas são desenvolvidas para reconhecer a singularidade do câncer de cada paciente, utilizando o tecido tumoral removido durante a cirurgia. Os pesquisadores extraem características moleculares das células tumorais, conhecidas como neoantígenos, que as diferenciam das células normais do corpo.
Esses neoantígenos são pequenos fragmentos de proteínas mutantes presentes no câncer, mas ausentes em células saudáveis. Os pesquisadores aplicaram algoritmos preditivos para selecionar quais neoantígenos seriam incluídos na vacina, com base na probabilidade de induzir uma resposta imune. A vacina, então, é fabricada e administrada ao paciente em uma série de doses iniciais, seguidas por reforços.
"Essa abordagem é realmente distinta das tentativas de vacina no câncer renal," explicou David A. Braun, médico oncologista do Yale Cancer Center e primeiro autor do estudo. "Nós escolhemos alvos que são exclusivos do câncer e diferentes de qualquer parte normal do corpo, permitindo que o sistema imunológico seja efetivamente direcionado ao câncer."
A equipe de pesquisa descobriu que a vacina induziu uma resposta imune em apenas três semanas, com o número de células T — responsáveis pela defesa do organismo — induzidas pela vacina aumentando em 166 vezes, mantendo níveis elevados por até três anos. Nenhum efeito colateral grave foi relatado pelos participantes do estudo.
Ensaios clínicos adicionais com um número maior de pacientes são necessários para confirmar a eficácia da vacina e explorar seu potencial no combate ao câncer. Atualmente, um estudo randomizado internacional multicêntrico está em andamento, utilizando uma vacina personalizada contra câncer com direcionamento de neoantígeno, administrada em combinação com a imunoterapia pembrolizumabe.