Dia Mundial do Câncer: vacina do HPV também previne doença em homens


A relação entre o Papiloma Vírus Humano (HPV) e o câncer de colo de útero é bem conhecida, mas é importante destacar que o vírus também está associado a outros tipos de câncer em homens e mulheres.

Dados Alarmantes

No Dia Mundial do Câncer, celebrado nesta terça-feira (4), um levantamento inédito da Sociedade Brasileira de Coloproctologia revelou que mais de 6 mil pessoas morreram devido a câncer do canal anal entre 2015 e 2023 no Brasil. A maioria desses casos está relacionada à infecção por HPV. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, também foram identificadas cerca de 38 mil internações pela doença nos últimos dez anos.

Embora o câncer do canal anal ainda seja considerado raro, representando cerca de 2% dos tumores do intestino grosso, reto e ânus, o membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Helio Moreira, alerta para um aumento de 4% ao ano na incidência dessa doença.

Fatores de Risco

Helio Moreira aponta dois fatores principais para o crescimento do câncer do canal anal:

  1. Diminuição do estigma sobre sexo anal, que tem incentivado a prática entre homens homoafetivos, bissexuais e heterossexuais.
  2. Aumento da expectativa de vida de pessoas com HIV: "Com a melhora dos medicamentos que controlam o HIV, aumentou muito o tempo de vida desses pacientes. Mesmo com contagem de anticorpos dentro dos níveis normais, o risco de desenvolver câncer de canal anal é maior para essa população do que para a população geral."

Prevenção Acessível

A maior parte dos casos desse tipo de câncer pode ser prevenida com duas medidas simples:

  • Uso de proteção durante o sexo: Essa é a principal via de transmissão do HPV. Helio Moreira enfatiza que a proteção é ainda mais crucial no sexo anal, devido à maior vulnerabilidade da região.

  • Vacinação contra o HPV: Atualmente, o Sistema Único de Saúde oferece um imunizante quadrivalente, que combate os quatro tipos de vírus que mais causam doenças. A vacinação é recomendada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, sendo mais efetiva antes do início da vida sexual. Também estão incluídos no público-alvo pessoas com HIV, transplantados, vítimas de violência sexual e usuários de Profilaxia Pré-Exposição, até 45 anos.

A Importância da Vacinação

Embora o câncer de colo de útero seja a principal doença causada pelo HPV, a vacinação também deve ser realizada em meninos, pois eles podem transmitir o vírus e desenvolver doenças, como o câncer de canal anal. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2022 e 2023, o número de doses aplicadas em meninos cresceu 70%, mas desde 2014, a proporção de meninos vacinados foi 24,2 pontos percentuais menor do que a de meninas.

Câncer de Pênis

Além do câncer do canal anal, o HPV também está associado ao câncer de pênis. Nos últimos dez anos, o Brasil registrou mais de 4,5 mil mortes e cerca de 22 mil internações devido a essa doença. Estima-se que metade dos casos seja causada pelo HPV, e uma das consequências mais drásticas é a amputação do pênis, realizada em cerca de 580 pessoas por ano no Brasil.

O diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Roni de Carvalho Fernandes, destaca que esse câncer também pode ser prevenido de forma simples: "Com uma boa higiene genital e prevenindo doenças infectocontagiosas sexualmente transmissíveis. A vacinação do HPV pode reduzir a incidência em 30 a 40% dos casos."

Atenção aos Sintomas

É fundamental que as pessoas procurem atendimento médico ao identificarem verrugas na região genital. Roni de Carvalho alerta: "Às vezes o homem acaba relegando. Uma verruga que existe há muito tempo no pênis pode ter HPV e desenvolver um tumor. A retirada dessa verruga e o tratamento adequado podem evitar doenças graves."

Atualmente, mais de 54% das mulheres e 41% dos homens que já iniciaram a vida sexual têm algum tipo de HPV. A maioria das infecções não apresenta sintomas, e o vírus pode ser transmitido pelo contato com mucosas infectadas, por via genital, oral ou manual, mesmo sem penetração. Portanto, especialistas defendem que a vacinação em alta cobertura é a forma mais eficaz de prevenir a propagação do vírus.



Fonte: AGÊNCIA BRASIL

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