A gripe aviária, causada pelo vírus influenza A (H5N1), tem gerado preocupações globais nas autoridades de saúde, especialmente desde o início de 2024. O vírus tem se disseminado, principalmente nos Estados Unidos, afetando aves domésticas, gado leiteiro e até mesmo humanos que tiveram contato com animais infectados. No começo de janeiro, foi confirmada a primeira morte humana associada à doença no país.
Normalmente, a gripe aviária é uma infecção que ocorre em aves selvagens, mas a sua presença em outros animais tem sido registrada em várias partes do mundo. O contágio entre humanos é raro e geralmente acontece após contato próximo com aves ou ambientes contaminados. As infecções podem variar de leves a graves e, em casos extremos, levar à síndrome respiratória aguda grave ou à morte.
Até o momento, as autoridades de saúde, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), consideram o risco de uma emergência global devido ao H5N1 como baixo. A OMS indicou que, embora sejam esperadas infecções humanas adicionais, o impacto na saúde pública global é, por ora, limitado. Desde 2003, mais de 950 infecções humanas foram notificadas à OMS, com cerca de 50% resultando em mortes.
No Brasil, um surto foi identificado em aves silvestres em maio de 2023, enquanto nos Estados Unidos o número de casos saltou de um em 2022 para 66 em 2024. A infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que infecções em animais ocorrem há décadas, frequentemente iniciadas por aves migratórias que espalham o vírus para novas regiões. Os surtos tendem a surgir em áreas com alta densidade animal, incluindo aves de criação e outros mamíferos, como porcos, vacas e cães.
O aumento significativo de casos, especialmente em aves, eleva o risco de contaminação humana e a possibilidade de mutações do vírus. Os porcos, ao serem infectados simultaneamente por diferentes vírus da gripe, podem facilitar a troca genética, gerando cepas mais adaptadas aos humanos. A OMS alerta que a imunidade da população humana contra o H5N1 é considerada "mínima", o que torna uma possível pandemia motivo de preocupação.
A OMS também está atenta ao desenvolvimento de vacinas contra o H5N1 e mantém um programa de vigilância para monitorar os casos e as características do vírus. Até agora, não foram identificadas mutações que possibilitem a transmissão sustentada entre humanos.
Os especialistas recomendam cuidados rigorosos, como evitar a manipulação de animais doentes ou mortos. "Se você encontrar um pássaro morto no parque, não deve tocá-lo. É importante acionar as autoridades competentes", orienta Gouveia. Os sintomas da gripe aviária podem se assemelhar aos da gripe comum, e a OMS aconselha vigilância aumentada e detecção precoce, além de medidas para reduzir o risco de contaminação em trabalhadores expostos.
O conceito de Saúde Única é destacado como essencial para prevenir epidemias, enfatizando a interconexão entre saúde ambiental, saúde animal e saúde humana.