Aos 87 anos, morre no Rio a escritora Marina Colasanti


Marina Colasanti Morre aos 87 Anos: Homenagens e Legado Literário

A escritora Marina Colasanti faleceu nesta terça-feira, 28 de outubro, aos 87 anos. A causa da morte não foi divulgada, mas ela já vinha enfrentando problemas de saúde. O corpo da escritora será velado no salão nobre da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na manhã de quarta-feira, 29, em uma cerimônia restrita a parentes e amigos.

Marina era casada com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna e deixa duas filhas. Ao longo de sua carreira, escreveu mais de 70 livros, tanto para adultos quanto para crianças, e recebeu diversos prêmios por suas produções, incluindo o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras. No ano passado, foi homenageada como personalidade literária pelo Prêmio Jabuti.

Seu primeiro livro, "Eu Sozinha", foi publicado em 1968, e sua última obra, "Tudo Tem Princípio e Fim", foi lançada em 2017. O presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Luchesi, destacou o caráter variado e "de altitude" da obra de Marina, afirmando: "Foi mestra em todos os campos: no diálogo com a gravura, com a pintura, a poesia, o romance, a literatura infantil, as narrativas breves e as artes plásticas. O Brasil e a Itália perdem um de seus maiores nomes."

A Câmara Brasileira do Livro também divulgou uma nota de pesar, solidarizando-se com a família, amigos e leitores de Marina Colasanti, descrevendo-a como "uma das maiores referências da literatura brasileira". A nota relembra que a escritora recebeu nove estatuetas do Prêmio Jabuti, evidenciando sua grande contribuição para a cultura e literatura nacional, e celebra sua vida e obra como um "presente eterno para a cultura brasileira e mundial".

Nascida em Asmara, então capital da Eritreia, Marina também viveu na Líbia e na Itália antes de emigrar com a família para o Rio de Janeiro na década de 40. Proveniente de uma família de escritores e artistas, estudou na Escola Nacional de Belas Artes. Além de escrever, ilustrou muitas de suas obras, trabalhou no Jornal do Brasil e na Editora Abril, e colaborou como colunista e cronista para diversos veículos ao longo de sua carreira. Marina também apresentou programas na extinta TVE e traduziu várias obras italianas para o português.

A escritora se declarava feminista e foi uma das integrantes do primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Muitos de seus livros refletem sobre o lugar da mulher na sociedade e trazem protagonistas femininas. Em uma entrevista ao programa Trilha de Letras, da TV Brasil, em 2019, Marina falou sobre sua paixão pelos livros, que começou na infância: "Os livros foram o meu colete salva-vidas. (…) Lemos muito! Em situações, às vezes, adversas, complicadas… E os livros eram uma farra! Companheiros de brinquedo, eram nossa fonte mais rica de imaginário". Ela também enfatizou que não se via restrita a um único estilo literário: "Eu sou prosa e verso na mesma medida. Isso atravessa o olhar. Você tem um olhar poético ou não tem um olhar poético. É a maneira de aproximar-se do mundo. E eu acho que eu tenho os dois."



Fonte: EBC

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