Na véspera de Natal de 2024, o Ministério Público do Trabalho (MPT) revelou que 163 trabalhadores chineses da BYD estavam em condições análogas à escravidão. Essa denúncia já havia sido antecipada em uma matéria publicada por QUATRO RODAS em novembro, que se baseou nas informações da Agência Pública.
Denúncias e Medidas
Após a repercussão da denúncia, a BYD decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang, que era responsável por garantir os direitos dos trabalhadores. Contudo, uma nova denúncia da Agência Pública afirma que a empresa tem tomado medidas para evitar que imagens dos alojamentos dos funcionários sejam divulgadas. Para isso, a BYD instalou câmeras de filmagem em áreas administrativas e galpões de obras, além de fixar cartazes proibindo fotografias.
“O clima atual é comparado a uma ‘caça às bruxas’, com o objetivo de descobrir e punir os responsáveis pelo vazamento de informações,” relataram funcionários ouvidos pela reportagem.
De acordo com as denúncias, a BYD também implementou um sistema de monitoramento que cria uma marca d’água com o nome de cada funcionário para rastrear a origem de qualquer material compartilhado externamente.
Respostas da BYD
Em um e-mail enviado no dia 18 de dezembro de 2024, a BYD justificou as novas diretrizes. A empresa explicou que a instalação das câmeras foi realizada pelo “departamento de Tecnologia da Informação da China” e tem como objetivo evitar vazamentos de informações.
“Essas medidas são práticas comuns e essenciais em indústrias de ponta, especialmente para empresas líderes em inovação tecnológica,” afirmou a empresa em nota.
A BYD também destacou que as ações visam proteger seus ativos estratégicos e que são realizadas de maneira respeitosa e dentro da legalidade em todas as suas unidades.
Novas Contratações e Fiscalização
A empresa comunicou que contratou uma construtora brasileira para realizar adequações nas obras da fábrica em Camaçari. Essa construtora será responsável por garantir que o MTE suspenda os embargos parciais, permitindo a retomada total das obras. Detalhes sobre a nova contratada e seu plano de ação devem ser divulgados em breve.
Além disso, a BYD criou um comitê de compliance que terá o papel de monitorar as condições de trabalho e alimentação dos colaboradores, assegurando que todos os requisitos legais sejam cumpridos. O comitê é formado por representantes da empresa, advogados, especialistas em direito trabalhista e segurança do trabalho.
Compromisso com os Trabalhadores
A BYD reafirmou seu compromisso com a legislação brasileira, informando que realocou trabalhadores chineses de outras prestadoras de serviço para hotéis na região, buscando alojamentos que atendam às normas brasileiras. A empresa garantiu que todos os funcionários recebem salários compatíveis com suas funções, sempre acima do mínimo vigente.
“Todos os trabalhadores das construtoras contratadas agora almoçam no refeitório e recebem refeições conforme as regras trabalhistas,” declarou a empresa.
A situação dos trabalhadores da BYD segue em pauta, à medida que novas informações surgem e a fiscalização prossegue.