Estudo detecta presença de metais na urina de crianças em Brumadinho


Crianças de até 6 anos avaliadas em estudo da Fiocruz Minas e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apresentaram aumento na taxa de detecção de metais na urina após o desastre de Brumadinho, que completa 6 anos neste sábado (25).

Resultados Preocupantes

O estudo revelou a presença de pelo menos um dos cinco metais (cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês) em todas as amostras analisadas. O percentual total de crianças com níveis de arsênio acima do valor de referência subiu de 42% em 2021 para 57% em 2023. Nas áreas próximas ao desastre e à mineração ativa, o aumento foi ainda mais significativo.

A pesquisa, que acompanha os participantes anualmente desde 2021, visa detectar mudanças nas condições de vida e saúde da população em médio e longo prazo.

Análise dos Metais

O arsênio foi o metal mais frequentemente encontrado acima dos limites de referência, com cerca de 20% das amostras entre adultos e aproximadamente 9% entre adolescentes. Contudo, em algumas regiões, esse percentual chegou a 20,4%. O estudo observou que todos os metais mostraram elevado percentual de detecção em ambos os anos, com reduções mais significativas para manganês e menos expressivas para arsênio e chumbo.

“Os resultados encontrados demonstram uma exposição aos metais, e não uma intoxicação, que só pode ser assim considerada após avaliação clínica e realização de outros exames para definir o diagnóstico”, afirma a Fiocruz.

Condições de Saúde da População

O estudo também analisou as condições de saúde da população, com base em diagnósticos médicos anteriores e na percepção dos participantes. A maioria dos adultos e adolescentes avaliou sua saúde como boa ou muito boa, mas o percentual de população adulta avaliando sua saúde como ruim ou muito ruim se manteve elevado nas áreas afetadas pela lama.

Entre os adolescentes, o diagnóstico de doenças crônicas, como asma ou bronquite, aumentou de 12,7% em 2021 para 14% em 2023. O colesterol alto, por sua vez, subiu de 4,7% para 10,1% no mesmo período.

Saúde Mental e Serviços de Saúde

A saúde mental também foi avaliada, revelando que 21,3% dos adultos relataram diagnóstico de depressão em 2021, aumentando para 22,3% em 2023. A procura por serviços de saúde aumentou, com 44,1% dos adolescentes relatando ter realizado três ou mais consultas médicas em 2023, comparado a 21,7% em 2021.

“A elevada utilização dos serviços de saúde e a menção ao serviço público como sendo a principal referência para atendimento demonstram a grande demanda para o SUS no município”, destaca Sérgio Peixoto, coordenador da pesquisa.

Saúde Infantil

O estudo também analisou o desenvolvimento neuromotor, cognitivo e emocional das crianças. O número de crianças com risco de atraso no desenvolvimento caiu de 42,5% em 2021 para 28,3% em 2023. A pesquisa indicou uma melhora no Índice de Massa Corporal (IMC), com a obesidade caindo de 11% para 4,6% no mesmo período.

Conclusão

O Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho, que engloba a população acima de 12 anos e as crianças, continua a ser uma iniciativa vital para monitorar e melhorar as condições de saúde da comunidade afetada. A Vale, por sua vez, afirma que está comprometida em reparar os impactos do desastre, embora os resultados do estudo ainda estejam sendo avaliados.

Texto ampliado às 20h08 para incluir nota da mineradora Vale.



Fonte: AGÊNCIA BRASIL

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