BYD acelera para concluir a construção da fábrica na Bahia e iniciar a produção em 2025



Em meio a um cenário de discussões com o governo e audiências sobre as graves acusações de abusos contra trabalhadores chineses na futura fábrica de Camaçari (BA), a BYD reafirmou seu compromisso de manter o cronograma e iniciar a produção de veículos em 2025. Para acelerar esse processo, a fabricante chinesa está contratando uma empresa brasileira para concluir a construção do complexo.

### Compromisso com a Legalidade

Em uma entrevista ao Bloomberg Línea, o presidente da BYD Brasil, Tyler Li, enfatizou a urgência em finalizar o primeiro prédio em Camaçari e liberar a parte embargada do canteiro de obras. Para isso, uma empresa nacional foi contratada para adaptar o local e corrigir as falhas nos alojamentos. O nome da empresa será revelado em breve.

> “Estamos correndo para garantir que o local esteja em conformidade com as leis brasileiras”, afirmou Tyler Li.

A BYD estabeleceu um comitê de compliance para monitorar a construção e assegurar que todas as atividades estejam de acordo com a legislação vigente. Li liderará esse comitê, que incluirá tanto funcionários da empresa quanto representantes de entidades externas.

### Avanços na Construção

Atualmente, a obra do primeiro prédio está 80% concluída. Este espaço abrigará a linha de montagem que começará a operar ainda em 2025, utilizando peças importadas da China em regime SKD e CKD. A meta da BYD é aumentar o índice de nacionalização para até 70% nos próximos cinco anos, incluindo a produção de baterias de lítio.

No entanto, o embargo atual impacta os trabalhos de escavação e serra circular para os prédios da fase 1.2, que são essenciais para a produção completa dos veículos no Brasil.

### Investigação e Irregularidades

O canteiro de obras da BYD tem sido alvo de investigações desde 2024. As denúncias apontam para abusos cometidos pela construtora chinesa Jinjiang, responsável pela terraplanagem e alvenaria. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari (Sinditiccc) já havia identificado, em abril, as precárias condições de trabalho.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou 163 trabalhadores encontrados em “condições análogas à escravidão”, revelando também a retenção de passaportes e contratos abusivos que forçavam os trabalhadores a pagar cauções e a arcar com custos de viagem.

> “Essas práticas caracterizam trabalho forçado”, afirmou o MPT.

### Próximos Passos

A BYD aguarda a conclusão de um relatório de inspeção que detalhará as irregularidades identificadas. Uma nova audiência está agendada para discutir os desdobramentos da investigação. A empresa divulgou imagens das melhorias que serão implementadas nos alojamentos, buscando padronizar as condições para todos os trabalhadores.

Enquanto isso, a empresa se comprometeu a enviar os 163 funcionários de volta à China, após a rescisão do contrato com a Jinjiang. A situação continua sendo monitorada por autoridades e a população aguarda por soluções eficazes que garantam o respeito aos direitos trabalhistas.

### Conclusão

O caso da BYD em Camaçari é um alerta sobre as condições de trabalho e a necessidade de vigilância constante em relação às práticas de empresas estrangeiras no Brasil. A expectativa é que, com as medidas corretivas, a situação se normalize e a produção de veículos possa seguir conforme o planejado.



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