Chuvas Intensas: São Elas Causadas pelas Mudanças Climáticas? Descubra!


Neste final de semana, fortes chuvas provocaram deslizamentos e soterramentos em Minas Gerais e Sergipe, resultando em 7 e 3 mortes, respectivamente. Esses eventos trágicos são parte de uma tendência crescente de tempestades devastadoras no Brasil, similar às enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em abril de 2024.

Especialistas atribuem a frequência dessas chuvas intensas e desastres naturais às mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. O físico e professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, destaca: “Uma das manifestações mais claras das mudanças climáticas são as profundas alterações no ciclo hidrológico do planeta. ‘Quando, aonde e quanto chove’ está sofrendo profundas mudanças no mundo todo, não só no Brasil.” Ele cita o caso de Los Angeles, na Califórnia, que enfrenta incêndios devastadores, resultando em 11 mortes e milhares de propriedades destruídas.

Enquanto algumas regiões, como Los Angeles, sofrem com a seca, o Brasil experimenta um aumento nas precipitações durante o verão. Artaxo afirma que as mudanças nos padrões de chuvas são “muito claras e muito explícitas” e estão associadas ao aquecimento global. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as temperaturas em elevação estão modificando os padrões climáticos, provocando invernos mais quentes e tempestades mais destrutivas.

Em 2024, o planeta registrou a temperatura mais alta da história, com um aumento de 1,55ºC em relação à média de 1850 a 1900, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Essa tendência alarmante ocorre apesar do Acordo de Paris, que visava limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), entidade criada pela ONU Meio Ambiente e pela OMM, conclui que o Brasil teve um aumento de até 3ºC em algumas regiões. O estudo “Mudança do Clima no Brasil – Síntese Atualizada e Perspectivas para Decisões Estratégicas” reforça que o aumento das chuvas é uma consequência direta do aquecimento global, resultando em eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos.

A doutoranda em Climatologia, Karina Lima, explica que o fenômeno El Niño, embora cíclico, está sendo intensificado pelo aquecimento global. “O El Niño impulsiona as temperaturas globais e a umidade em algumas regiões, modificando a própria circulação atmosférica”, diz Lima.

Os impactos das chuvas intensas no Brasil são visíveis em várias esferas. O grande volume de chuvas desencadeia deslizamentos de terra e inundações, frequentemente resultando em mortes. Artaxo observa que “a chuva é uma das questões das mudanças climáticas que mais tem impactos socioeconômicos”, afetando diretamente a produção agrícola. Regiões do Nordeste, que já enfrentavam escassez hídrica, agora estão se tornando áridas, dificultando a sobrevivência da população.

Essas alterações climáticas também podem levar a um êxodo populacional, com 295 mil pessoas deslocadas em decorrência de desastres climáticos em 2019. Além disso, as mudanças nas chuvas ameaçam a segurança energética do Brasil, afetando a geração e distribuição de energia.

Os pesquisadores do IPCC alertam que as variações nos regimes de chuvas podem resultar em um aumento nas cheias dos rios da região oeste da Amazônia, em contraste com períodos de seca. “As alterações nos padrões de chuva podem modificar os fluxos naturais de água e nutrientes, contribuindo para o aumento do processo de eutrofização”, concluem.

As enchentes também têm impactos sérios na saúde pública, aumentando o risco de doenças infecciosas, conforme indicado pelo Ministério da Saúde.



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