O Ministério das Relações Exteriores decidiu suspender a emissão de novos vistos temporários de trabalho para a BYD e a construtora Jinjiang. A medida, anunciada na última sexta-feira (27), é resultado de uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre as condições análogas à escravidão enfrentadas por trabalhadores chineses na construção da fábrica em Camaçari, na Bahia.
### Investigação e Resgates
Em 20 de dezembro, o Ministério da Justiça solicitou ao Itamaraty que parasse a emissão de vistos, um pedido que também foi encaminhado à embaixada brasileira em Pequim. Três dias depois, uma operação do MPT resultou no resgate de 163 trabalhadores que se encontravam em condições degradantes.
“Os trabalhadores estavam em situações análogas à escravidão, com relatos de maus-tratos e condições precárias de vida”, destacou um representante do MPT.
### Condições Desumanas
A situação dos trabalhadores foi amplamente divulgada pela Agência Pública, que relatou casos de agressões e condições de vida inaceitáveis. Um vídeo mostrou um funcionário caindo ao chão após ser agredido. As condições de alojamento eram alarmantes: camas sem colchões, banheiros imundos e falta de água potável.
“Os fiscais encontraram alimentos guardados com materiais de construção civil e próximo aos banheiros em condições insalubres”, afirmou o MPT.
### Resposta das Empresas
Em resposta à situação, a BYD rompeu o contrato com a Jinjiang e se comprometeu a revisar as condições de trabalho. A empresa anunciou a transferência dos 163 trabalhadores para hotéis da região e está implementando medidas para garantir a segurança e dignidade de todos os funcionários.
“A BYD está implantando um reforço em sua fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais”, declarou a empresa.
### Reunião com Autoridades
Uma audiência foi realizada com representantes da BYD, Jinjiang e membros de várias instituições, incluindo o MPT e a Defensoria Pública da União. Durante a reunião, o MPT reafirmou que as condições de trabalho eram análogas à escravidão, e decidiu que a Polícia Federal iria emitir registros migratórios para os trabalhadores.
### Reações nas Redes Sociais
As reações das empresas nas redes sociais foram intensas. A Jinjiang negou irregularidades e alegou que a situação era um mal-entendido cultural. Em uma carta publicada no Weibo, a construtora disse que seus funcionários se sentiram injustamente rotulados e que houve um ferimento à dignidade do povo chinês.
Por outro lado, a BYD expressou que forças externas estavam tentando difamar as marcas chinesas, segundo declarações de Li Yunfei, gerente da empresa.
### Conclusão
O caso levanta questões sérias sobre o tratamento de trabalhadores estrangeiros no Brasil e destaca a importância de garantir condições dignas em ambientes de trabalho. O resgate dos trabalhadores e as medidas adotadas pelo governo são passos importantes para combater a exploração e proteger os direitos humanos.
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