Terceirizada refuta alegações de condições análogas à escravidão em fábrica da BYD



A construtora Jinjiang Group, responsável pela construção da fábrica da BYD em Camaçari (BA), emitiu um comunicado nesta quinta-feira (26) afirmando que as alegações sobre “condições análogas à escravidão” são inconsistentes e resultam de mal-entendidos na tradução. A declaração surge em resposta ao relatório preliminar divulgado na última segunda-feira (23), após uma operação conjunta de fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Defensoria Pública da União (DPU), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF).

Esses órgãos federais brasileiros resgataram 163 operários, todos contratados pela Jinjiang, que é prestadora de serviços para a BYD e se estabeleceu no Brasil em fevereiro deste ano. A BYD, por sua vez, anunciou a rescisão do contrato com a construtora, comprometendo-se a garantir os direitos dos trabalhadores.

### Condições Precárias

Desde meados de novembro, foram realizadas diversas fiscalizações que revelaram condições precárias nos alojamentos, banheiros e cozinhas utilizadas pelos trabalhadores chineses. Imagens comprovam a falta de infraestrutura e higiene nos locais.

“Ser injustamente rotulado como ‘escravizado’ fez com que nossos funcionários sentissem que sua dignidade foi insultada e seus direitos humanos violados”, declarou o Jinjiang em sua conta oficial no Weibo.

### Denúncias de Abusos

O MPT relatou que os trabalhadores enfrentavam uma série de abusos, incluindo a obrigatoriedade de pagar caução, retenção de 60% de seus salários (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), e retenção de passaportes. A rescisão antecipada do contrato resultava na perda da caução e na obrigação de custear a passagem de retorno ao país de origem.

“Caso um trabalhador tentasse rescindir o contrato após seis meses, ele sairia do Brasil sem receber nada pelo seu trabalho”, revelou o relatório do MPT.

### Resposta da BYD

A declaração do Jinjiang foi repostada por Li Yunfei, gerente geral de marca e relações públicas da BYD, que acusou “forças estrangeiras” de tentar difamar marcas chinesas e prejudicar a relação entre China e Brasil.

O Jinjiang também atribuiu as complicações a diferenças culturais, alegando que as perguntas dos auditores brasileiros eram “sugestivas”. A construtora divulgou um vídeo com trabalhadores chineses, onde um deles leu uma carta afirmando que 107 deles entregaram seus passaportes à empresa para obter assistência na solicitação de um certificado de identidade temporário no Brasil.

### Próximos Passos

Uma audiência virtual conjunta entre o MPT e o MTE está agendada para hoje à tarde (26), onde a BYD e a Jinjiang deverão apresentar as medidas necessárias para garantir condições mínimas de alojamento e regularizar as questões levantadas.



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