A sonda solar Parker, da NASA, está prestes a realizar um sobrevoo histórico, alcançando a impressionante distância de 6,1 milhões de quilômetros da superfície do Sol. Esse evento, agendado para ocorrer por volta das 8h50 desta terça-feira (24), marca a maior aproximação da humanidade a uma estrela. A nave não tripulada voará a uma velocidade de 692.000 quilômetros por hora, o que é suficiente para percorrer a distância de Washington a Tóquio em menos de um minuto.
Com esse sobrevoo, a Parker se tornará o objeto feito pelo homem mais rápido da história. A informação foi divulgada pela NASA em uma apresentação do NASA Science Live no YouTube em dezembro de 2022.
Desde seu lançamento em 12 de agosto de 2018, a Parker tem se preparado para esse marco histórico, que também coincide com a vida de Eugene Parker, o astrofísico que deu nome à sonda. Parker, que foi a primeira pessoa viva a ter uma nave espacial com seu nome, faleceu em março de 2022, mas pôde testemunhar a evolução da missão que promete desvendar mistérios solares.
A sonda já se tornou a primeira espaçonave a "tocar o Sol" ao voar próxima à coroa solar, coletando amostras de partículas e campos magnéticos em dezembro de 2021. Ao longo de sua missão de sete anos, a Parker tem acumulado dados que ajudam a esclarecer questões fundamentais sobre o Sol, como a geração do vento solar e a razão pela qual a coroa solar é muito mais quente que sua superfície.
Os cientistas também buscam entender as ejeções de massa coronal e os campos magnéticos que emergem da atmosfera solar. Quando direcionadas à Terra, essas ejeções podem provocar tempestades geomagnéticas, impactando satélites e a infraestrutura de energia e comunicação.
Com o sobrevoo programado para a véspera de Natal, a Parker realizará suas três últimas grandes aproximações, com os próximos voos previstos para 22 de março e 19 de junho. Durante essas passagens, a sonda estará tão próxima do Sol que, se a distância entre a Terra e o Sol fosse o comprimento de um campo de futebol americano, ela ficaria a apenas 3,5 metros da end zone.
Equiparada para suportar os extremos solares, a Parker conta com um escudo de espuma de carbono de 11,4 centímetros de espessura, capaz de resistir a temperaturas de até 1.400ºC. Durante o próximo sobrevoo, espera-se que o escudo enfrente temperaturas de até 980ºC, enquanto o interior da nave permanecerá em condições ideais para o funcionamento de seus sistemas eletrônicos.
A sonda atuará de forma autônoma durante o sobrevoo, uma vez que o controle da missão estará fora de contato devido à proximidade com o Sol. Após a aproximação, a Parker enviará um sinal chamado tom de farol para confirmar o sucesso do sobrevoo, mas os dados coletados só estarão disponíveis após a sonda se afastar da órbita solar, o que deverá ocorrer em meados de janeiro.
Atualmente, o Sol está em um período de máxima atividade solar, o que proporciona uma oportunidade única para que a Parker observe fenômenos solares. Cientistas rastreiam essa atividade contando o número de manchas solares, e espera-se que o Sol continue ativo por mais um ano.
Recentemente, a atividade solar resultou em grandes exibições de auroras na Terra, com eventos em maio e outubro que permitiram que auroras fossem vistas até em partes dos Estados Unidos. Os dados gerados pela Parker poderão ajudar os cientistas a entender melhor as tempestades solares e suas previsões.
“A sonda solar Parker está mudando o campo da heliofísica”, afirma Helene Winters, gerente de projeto da sonda. “Após anos desafiando o calor e a poeira do sistema solar interno, a sonda continua a prosperar”.
O sucesso da missão não apenas avança a ciência solar, mas também nos permite entender melhor como o Sol interage com outros planetas em nosso sistema solar.