O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que foram negados os pedidos de habeas corpus para que as quatro jogadoras do River Plate, da Argentina, detidas em flagrante por injúria racial, respondessem às acusações em liberdade. As atletas tiveram a prisão convertida em preventiva após audiência de custódia.
A zagueira Camila Duarte, a lateral Juana Cángaro, a volante Candela Díaz e a meia Milagros Díaz estão na penitenciária do Carandiru, zona norte de São Paulo. A Agência Brasil tentou contato com a advogada Thaís Sankari, representante da defesa das jogadoras, mas não obteve retorno.
Nos pedidos de habeas corpus, a defesa argumentou que as atletas estão "sofrendo ilegal constrangimento por parte do Juiz de Direito do Plantão Judiciário da Comarca de São Paulo". A defesa alegou que a detenção, sob a justificativa de que as jogadoras não possuem residência no país, carece de "fundamentação idônea", visto que o River Plate se comprometeu a apresentá-las à Justiça brasileira quando necessário.
Os relatores Alberto Anderson Filho e Hermann Herschander, em suas argumentações contrárias ao habeas corpus, sustentam que a prisão preventiva é justa pela "gravidade concreta da conduta" e necessária para "evitar novos crimes". Também consideram insuficiente o compromisso do clube argentino, "que não tem qualquer poder sobre o direito de ir e vir de seus empregados".
A detenção ocorreu após uma confusão no gramado do Estádio do Canindé, em São Paulo, durante jogo entre River e Grêmio pela Ladies Cup, que encerrou a temporada 2024 do futebol feminino no Brasil. As argentinas, após sofrerem o empate, se envolveram em uma discussão, durante a qual Candela Díaz foi flagrada realizando gestos simulando os de um macaco para um gandula. Segundo a defesa, ele teria provocado antes com gestos obscenos, levando a uma "atitude de revide".
Além de Candela, Milagros Díaz, Camila Duarte e Juana Cángaro foram acusadas de ofensas racistas. As jogadoras do Grêmio também relataram ter sido alvo de injúrias raciais. O River teve seis jogadoras expulsas, resultando no encerramento da partida, com o Grêmio declarado vencedor e avançando à final. O clube argentino manifestou-se nas redes sociais, repudiando os gestos discriminatórios e prometendo medidas disciplinares.
Na final, as Gurias Gremistas venceram o Bahia nos pênaltis, após empate no tempo normal, e conquistaram o título inédito.