O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento da economia em 2024, com a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) passando de 3,2% para 3,5%. Essa atualização foi divulgada no Relatório de Inflação, publicado hoje (19), e reflete uma "surpresa positiva" nos dados do terceiro trimestre.
“A alteração na projeção de crescimento do PIB em 2024 reflete a surpresa positiva no resultado do terceiro trimestre e os indicadores do quarto trimestre [já] disponíveis”, diz o relatório.
Crescimento do PIB e Indicadores
O crescimento econômico do Brasil no terceiro trimestre foi de 0,9%, comparado ao segundo trimestre de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de janeiro a setembro, a alta é de 3,3%, enquanto em 2023, o PIB cresceu 3,2%.
O IBGE revisa a cada dez anos os cálculos das Contas Nacionais, incluindo medições ligadas ao meio ambiente e à economia digital. A revisão de 2024, com ano base de 2021, foi significativa.
Mercado de Trabalho e Consumo
De acordo com o BC, a atividade econômica e o mercado de trabalho permanecem aquecidos, com destaque para o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
“Nesse contexto, as projeções de crescimento para 2024 e 2025 foram revisadas para cima, mas permanece a perspectiva de desaceleração da atividade”, afirma o relatório.
Setores em Destaque
Sob a ótica da oferta, a alta na estimativa do PIB de 2024 foi influenciada pela elevação na projeção para o setor de serviços, que passou de 3,2% para 3,8%. No entanto, houve ajustes para baixo nas estimativas da agropecuária e da indústria.
A projeção da agropecuária foi reduzida de -1,6% para -2%, impactando diretamente a expectativa de crescimento anual.
Projeções para 2025
Para 2025, a projeção de crescimento do PIB aumentou de 2% para 2,1%, com contribuições positivas da agropecuária e uma expectativa de menor crescimento trimestral.
“De todo modo, mantém-se a perspectiva de crescimento em 2025 menor que o de 2024”, destaca o relatório.
Expectativa de Inflação
A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2024 em 4,9%, superando a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
A projeção de inflação é de 4,5% em 2025 e 3,6% em 2026. A Selic, taxa básica de juros, deve alcançar 13,5% e 11% ao final de 2025 e 2026, respectivamente.
“As recentes surpresas inflacionárias e a revisão das projeções de curto prazo também contribuíram, no caso via inércia”, completa o BC.
O aumento da projeção de inflação é resultado de uma atividade econômica mais forte, da depreciação cambial e do aumento das expectativas de inflação, refletindo um cenário desafiador para a convergência em relação à meta estabelecida.