Festival Psica 2024: Música e Cultura Pan-Amazônica em Belém
Na cidade onde a chuva é uma constante quase diária às 16h, os integrantes do Cortejo Encantado se reuniram para marcar a apresentação de música e dança que celebra o início do Festival Psica, em Belém, capital paraense, nesta sexta-feira (13) às 17h. O evento, considerado um dos maiores festivais de música da região Norte, atraiu representantes de manifestações culturais como o Boi Caprichoso, do tradicional boi-bumbá de Parintins, e do Arraial do Pavulagem, além de moradores e turistas que se divertiram pelas ruas do bairro Cidade Velha, até o Píer das 11 Janelas, à beira da Baía do Guajará.
O cortejo passou por locais emblemáticos como a Catedral da Sé, que abriga parte da procissão do Círio de Nazaré, realizada todos os anos em outubro. O fim do cortejo sinalizou a abertura de shows em cinco palcos espalhados pela Cidade Velha, cada um com um ritmo musical diferente. O público pode alternar entre as atrações, todas gratuitas, em curtas caminhadas. O Festival Psica 2024 contará com mais de 50 apresentações, que também ocorrerão no Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão.
Cultura Pan-Amazônica em Foco
Com o objetivo de exaltar a cultura pan-amazônica, o festival envolve todos os países e estados que têm o bioma amazônico em seu território, incluindo Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname, além do Brasil. O diretor do festival, Jeft Dias, explica que o tema deste ano, "Psica Dourada", faz referência a uma espécie de peixe que realiza uma jornada de 11 mil quilômetros desde os Andes até a Baía do Marajó, conectando diversos países da Amazônia.
“A cultura vai se influenciando e se retroalimentando. Aqui no Pará, recebemos influências da Colômbia, do Peru e da Guiana Francesa, criando ritmos como lambada, guitarrada e tecnobrega, que também retornam a esses países”, destaca Dias. O belenense Marcello Victor Coelho ressalta que o tema "dourada" simboliza a conexão entre os países latinos e promove um clima de turismo pré-COP30 em Belém, que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 10 a 21 de novembro de 2025.
Resistência e Cultura Indígena
Enquanto o vento agitava as águas da Baía do Guajará, a cantora indígena Djuena Tikuna se apresentou no palco do Píer das 11 Janelas, acompanhada pelo Trio Minari. A artista, que canta em sua língua materna, considera sua participação uma forma de resistência. “A gente precisa se unir para mostrar a nossa realidade para o mundo, especialmente agora com a COP30 chegando”, afirmou.
Atrações Internacionais e Grande Variedade Musical
Na 13ª edição, o Festival Psica traz atrações internacionais pela primeira vez, como a cantora peruana Rossy War, que animou a Praça Felipe Patroni. Conhecida como a "rainha da cúmbia", suas músicas foram acompanhadas em coro por milhares de pessoas presentes. O festival também apresentou outras atrações, incluindo tecnobrega, funk, carimbó, e as tradicionais apresentações dos bois Caprichoso e Garantido.
Mangueirão e Grandes Nomes da Música
O Festival Psica 2024 se estenderá até o sábado (14) e domingo (15), com shows no Estádio do Mangueirão, onde haverá cobrança de ingressos. Entre os artistas confirmados estão Pablo Vittar, Liniker, BaianaSystem, Banda Black Rio & Tony Tornado, e a famosa paraense Fafá de Belém. Jeft Dias ressalta que o festival tem como proposta envolver ritmos locais, mas também trazer grandes artistas nacionais, destacando suas raízes nas comunidades periféricas da Amazônia e a presença da cultura negra.
Equipe da Agência Brasil viajou a convite da Petrobras.